Uma das principais necessidades dos veículos elétricos é o processo de recarga da bateria, que pode ser realizado em residências ou em estações públicas de carregamento, cada vez mais presentes e geralmente tarifadas por kWh consumido.
A infraestrutura de recarga representa um dos fundamentos da mobilidade elétrica, porém sua expansão pelo Brasil ainda requer investimentos substanciais.
Apesar disso, já é possível encontrar diversas opções de recarga nas principais cidades do país, com pontos instalados em shoppings, supermercados, grandes lojas e locais de interesse.
Entretanto, apesar da presença ainda significativa de eletropostos sem cobrança, a tendência é que esses pontos de recarga gratuitos sejam gradualmente substituídos por locais gerenciados por aplicativos que exigem o pagamento de tarifas para uso.
Um exemplo disso é São Paulo, onde a Tupinambá mantém uma rede de carregadores de até 22 kW distribuídos em supermercados, hipermercados, concessionárias e pontos de interesse.
Nesses locais, a recarga pode ser gratuita ou tarifada, variando de R$ 1,50 a R$ 1,95 por kWh, como é o caso do posto de recarga rápida de 50 kW da Shell Recharge.
Na rede da EzVolt, os preços da recarga podem variar de R$ 1,77 por kWh no carregador lento de 7 kW a R$ 1,97 por kWh nos carregadores rápidos de 60 kW.
Esses exemplos representam apenas uma amostra dos preços praticados nas estações públicas de carregamento, em um mercado amplo que continua a atrair novas empresas constantemente. É importante ressaltar que essa opção de recarga pública é uma alternativa ao carregamento domiciliar, o qual geralmente é mais econômico.
A seguir, apresenta-se uma simulação com os valores de recarga (de 20% a 80%) para diversos modelos de carros elétricos:
Modelo | Bateria (capacidade útil) | Autonomia (Inmetro/WLTP) | Preço da recarga 20-80% – R$ 1,50/kWh | Preço da recarga 20-80% – R$ 1,97/kWh |
Renault Kwid E-Tech | 26,8 kWh | 186 km / 265 km | R$ 24,12 | R$ 31,67 |
Nissan Leaf | 40 kWh | 192 km / 270 km | R$ 36,00 | R$ 47,28 |
Peugeot e-208 | 46 kWh | 220 km / 340 km | R$ 41,40 | R$ 54,37 |
Volvo XC40 P6 | 67 kWh | 231 km / 420 km | R$ 60,30 | R$ 79,19 |
BMW iX50 M | 105,2 kWh | 528 km / 630 km | R$ 94,68 | R$ 124,34 |
E quanto custa carregar um carro elétrico em casa?
A maneira mais conveniente e, certamente, mais econômica é carregar o veículo elétrico na própria residência (ou condomínio) do proprietário, pois nesse caso não há acréscimo na tarifa de energia, prática comum em carregamentos realizados em espaços públicos ou semi-públicos.
Mas quanto custa, afinal, carregar um carro elétrico em casa? A resposta, em princípio, é simples: o custo é equivalente ao consumo de energia durante o processo de recarga.
No entanto, a dúvida geralmente recai sobre o cálculo desse consumo de energia durante a recarga de um carro elétrico. É comum estimar esse consumo com base na potência do carregador.
Por exemplo, se o carregador tem uma potência de 7 kW e fornece energia ao veículo por 8 horas, o consumo total seria de 7 kW x 8 h = 42 kWh. Supondo uma tarifa de R$ 0,90 por kWh (a média da tarifa no estado de São Paulo com impostos em 2022), o custo total desse “abastecimento” seria de R$ 37,80.
A abordagem mencionada, embora forneça uma estimativa razoável do custo de recarga, omite alguns fatores cruciais, como os listados abaixo:
- A potência do carregador nem sempre corresponde à potência consumida pelo módulo de carga do veículo. O controle da potência consumida é determinado pelo veículo e não pelo carregador. Por exemplo, se o veículo tiver um módulo de carga limitado a 3,6 kW (como a maioria dos híbridos em circulação), conectar um carregador de 7 kW não aumentará a velocidade de carga, pois o veículo carregará apenas na capacidade máxima de seu módulo, ou seja, 3,6 kW.
- O tempo de conexão do carregador ao veículo não indica que ele estará fornecendo energia à sua potência máxima durante todo o período. O veículo consome energia conforme necessário até que a bateria esteja totalmente carregada. Portanto, a quantidade de energia fornecida pelo carregador será determinada pela demanda de energia do veículo durante o processo de recarga.
- Não é mais necessário descarregar completamente as baterias elétricas antes de iniciar uma nova recarga. A maioria dos fabricantes recomenda manter a bateria com pelo menos 10% de carga e realizar recargas até cerca de 80% da capacidade da bateria para prolongar sua vida útil.
Assim, o custo da recarga será proporcional à quantidade de energia necessária para recarregar a bateria em cada evento de recarga, de forma semelhante ao abastecimento de um carro a gasolina, onde se paga pela quantidade de litros colocados no tanque, dependendo de sua capacidade e do quanto está vazio.
Para calcular a energia consumida, é necessário entender melhor as características do veículo e de sua bateria.
Por exemplo, um proprietário de um carro híbrido plug-in com uma bateria de 10 kWh que realiza uma carga completa diariamente consumirá 10 kWh de energia, o que, a uma tarifa de R$ 0,90 por kWh, custará R$ 9.
Essa carga geralmente proporciona uma autonomia de 30 a 40 km no modo elétrico, resultando em um custo de aproximadamente 25 centavos por km rodado.
Por outro lado, um carro totalmente elétrico com uma bateria de 55 kWh, ao carregar de 10% a 80% de sua capacidade, consumirá cerca de 38,5 kWh, o que equivale a aproximadamente R$ 35.
É interessante notar que os carros totalmente elétricos tendem a ter um consumo de energia mais eficiente que os híbridos, resultando em um custo por km rodado geralmente menor.
Ainda é possível carregar o carro elétrico de forma gratuita?
Para os proprietários e potenciais proprietários de veículos elétricos, esse tema é extremamente animador. Uma estratégia inteligente para diminuir ainda mais os gastos é aproveitar as estações públicas de carregamento gratuito.
No entanto, devido ao aumento da demanda, a disponibilidade desses postos tem diminuído, tornando-os mais escassos. Apesar disso, ainda é viável encontrar pontos de recarga gratuitos em supermercados e shoppings em todo o país.