Veículos elétricos: quanto custa carregar um carro no Brasil?

Nos próximos anos, é esperado que as montadoras ampliem a diversificação de seus portfólios, incluindo cada vez mais veículos elétricos, híbridos e a combustão.

O que antes parecia um futuro distante agora se torna uma realidade tangível, embora ainda relativamente custosa: os carros 100% elétricos.

A tendência é que as montadoras expandam a variedade de opções, indo além das que estão exclusivamente focadas nos veículos recarregáveis (que já estão disponíveis no Brasil).

Além das vantagens econômicas devido à independência dos combustíveis fósseis, cujos preços são significativamente mais altos do que o custo da energia elétrica no Brasil, os carros elétricos são promovidos como veículos mais modernos e com menor necessidade de manutenção.

No entanto, ainda permanece uma realidade distante para a maioria dos brasileiros. No momento desta publicação, o carro 100% elétrico mais acessível no mercado brasileiro tinha um preço de R$ 136 mil.

Como é carregado?

Veículos elétricos: quanto custa carregar um carro no Brasil

Para carregar os carros, é necessário utilizar uma tomada aterrada, preferencialmente em casa.

Embora funcionem com tomadas comuns, como as utilizadas para eletrodomésticos como cafeteiras ou air fryers, o ideal é utilizar uma tomada semi-industrial e instalar em casa uma estação de carregamento do tipo wallbox (com valores a partir de R$ 3,5 mil).

Recomenda-se também o carregamento durante a noite.

Veja também:

Assim como nem todas as residências, principalmente em prédios, suportam a instalação de um ar-condicionado, o mesmo vale para o carregamento de um veículo elétrico.

Antes de realizar a instalação, é importante verificar a capacidade elétrica da residência com a companhia de energia local e, se necessário, com a administração do condomínio.

Em muitas áreas, especialmente nas grandes cidades, existem estações específicas de carregamento, frequentemente encontradas em estacionamentos de shoppings e supermercados.

Em edifícios, é possível contratar uma empresa para instalar uma estação de carregamento, desde que o condomínio permita. A tendência para os próximos anos é que novos empreendimentos, especialmente os de alto padrão, sejam entregues com estações de carregamento nos estacionamentos.

É importante não utilizar extensões nas tomadas comuns, e o carregamento deve ser realizado longe de líquidos inflamáveis e outras fontes de calor.

Além disso, é fundamental utilizar cabos e conectores originais, certificados e em boas condições físicas.

Quanto tempo demora?

A resposta é variável, pois diversos fatores influenciam no processo de carregamento, como a potência do carregador, o tamanho da bateria e a energia fornecida.

Inicialmente, é essencial compreender que os carregadores podem ser de corrente alternada (AC) ou corrente contínua (DC).

Os carregadores de corrente alternada são instalados em ambientes domésticos, como o wallbox (carregador de parede), enquanto a corrente contínua corresponde às estações de carregamento rápido, encontradas em locais públicos.

É crucial estar atento às especificidades de cada veículo, conforme indicado no manual, pois a condição da bateria também afeta o tempo de carregamento. Manter o nível de carga entre 10% e 90% pode prevenir danos e desgaste excessivo.

Como calcular o tempo de recarga da bateria?

Para realizar esse cálculo, utiliza-se uma fórmula simples: divide-se a capacidade da bateria (em kWh) pela potência do carregador (em kW).

Os Wallbox, por exemplo, têm potências que variam de 3,7 kW a 22 kW, sendo 7,4 kW a mais comum no mercado brasileiro.

Portanto, se o veículo tiver uma bateria de 50 kWh, o tempo médio de carregamento será de aproximadamente 6 horas. Com um carregador de 22 kW, esse tempo diminui para cerca de 2 horas.

Nos postos de abastecimento, a potência pode atingir até 100 kW, permitindo a recuperação de até 80% da bateria em cerca de 3 horas.

Além disso, existem postos de recarga ultrarrápida projetados para carregar um veículo em um curto espaço de tempo, especialmente em rodovias e estradas, proporcionando potências elevadas e alcançando cerca de 80% da capacidade da bateria em aproximadamente 30 minutos.

Qual é a média da autonomia?

A autonomia de um carro elétrico refere-se à distância que o veículo pode percorrer com a bateria totalmente carregada.

Em média, um veículo elétrico pode percorrer de 300 a 500 quilômetros com a bateria cheia, variando de acordo com o modelo.

Quanto custa a carga?

É comum estimar a energia consumida multiplicando a potência do carregador pelo tempo de carregamento. Por exemplo, se o usuário possui um carregador de 7 kW e o veículo é carregado durante 8 horas, a energia consumida seria de 7 kW x 8 h = 42 kWh.

Considerando uma tarifa de R$ 0,90 por kWh (média no estado de São Paulo com impostos em 2022), o custo total deste “abastecimento” seria de R$ 37,80.

No entanto, essa abordagem não leva em conta alguns fatores importantes:

  1. A potência do carregador nem sempre é a mesma potência consumida pelo módulo de carga do veículo. O carro determina a potência consumida, não o carregador.

    Por exemplo, se o carro tem um módulo de carga limitado a 3,6 kW (como a maioria dos híbridos), conectar um carregador de 7 kW não fará diferença, pois o carro carregará na potência máxima do seu módulo (3,6 kW).
  2. O tempo de conexão do carregador ao carro não significa que ele estará fornecendo energia na potência nominal durante todo o período. A quantidade de energia fornecida depende da demanda do carro durante o processo de recarga.
  3. Não é mais necessário descarregar completamente a bateria antes de iniciar uma nova carga.

    A maioria dos fabricantes recomenda manter a bateria acima de 10% de carga e carregar até 80% da capacidade da bateria para proteger sua vida útil.

Assim, o custo da recarga será proporcional à quantidade de energia necessária para recarregar a bateria em cada ciclo de recarga, semelhante ao abastecimento de um carro a combustão, onde você paga pela quantidade de combustível que coloca no tanque.

Por exemplo, um carro híbrido plug-in com uma bateria de 10 kWh, que é carregado completamente todos os dias, consumirá aproximadamente 10 kWh de energia diariamente, custando cerca de R$ 9. Isso geralmente proporciona uma autonomia de 30 a 40 km no modo elétrico, resultando em um custo de aproximadamente R$ 0,25 por km rodado.

Já um carro totalmente elétrico com uma bateria de 55 kWh, carregado de 10% a 80% da capacidade, consumirá cerca de 38,5 kWh, custando aproximadamente R$ 35.

Carros totalmente elétricos tendem a ter um melhor desempenho em termos de eficiência energética do que os híbridos, resultando em um custo por km rodado menor.

Quanto custa recarregar um carro elétrico em um carregador público em SP?

Na cidade de São Paulo, a Tupinambá opera uma rede de carregadores com potências de até 22 kW, instalados em supermercados, hipermercados, concessionárias e pontos de interesse.

Nessas estações, a recarga pode ser gratuita ou sujeita a tarifas que variam de R$ 1,50 a R$ 1,95 por kWh, como no caso do posto de recarga rápida de 50 kW da Shell Recharge.

Na rede da EzVolt, os preços da recarga podem variar de R$ 1,77 por kWh nos carregadores lentos (7 kW) a R$ 1,97 por kWh nos carregadores rápidos de 60 kW.

Esses são apenas exemplos de preços para o carregamento em estações públicas, considerando que há um amplo mercado a ser explorado e novas empresas ingressam nele diariamente. Vale ressaltar que essa é uma opção em relação ao carregamento doméstico, que geralmente é mais econômico.

Abaixo está uma simulação com os valores de recarga (de 20% a 80% da capacidade) para alguns modelos de carros elétricos.

ModeloBateria (capacidade útil)Autonomia (Inmetro/WLTP)Preço da recarga 20-80% – R$ 1,50/kWhPreço da recarga 20-80% – R$ 1,97/kWh
Renault Kwid E-Tech26,8 kWh186 km / 265 kmR$ 24,12R$ 31,67
Nissan Leaf40 kWh192 km / 270 kmR$ 36,00R$ 47,28
Peugeot e-20846 kWh220 km / 340 kmR$ 41,40R$ 54,37
Volvo XC40 P667 kWh231 km / 420 kmR$ 60,30R$ 79,19
BMW iX50 M105,2 kWh528 km / 630 kmR$ 94,68R$ 124,34

Precisa trocar a bateria?

Em termos teóricos, não. De acordo com Clemente Gauer, diretor de Infraestrutura da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), as montadoras afirmam que a bateria é projetada para durar mais do que o próprio veículo.

Ele ressalta que, na prática, há pouquíssimos casos de falha de bateria, sendo situações muito isoladas.

E se a bateria acabar no meio da estrada?

Busque por uma tomada aterrada – portanto, é essencial carregar consigo o cabo carregador e o adaptador. No entanto, é crucial estar ciente de que, sem o uso de uma tomada semi-industrial ou estação própria, o processo de carregamento será mais lento.

Nessas circunstâncias, é fundamental verificar se o terminal metálico da tomada não está enferrujado, corroído ou desgastado, além de garantir que não haja água ou objetos estranhos na tomada.

Onde fica a bateria?

Como funcionam as baterias de carros elétricos

Geralmente, a bateria é posicionada no assoalho do veículo. Clemente Gauer explica que isso se deve ao fato de que a bateria, que geralmente representa de um quarto a um terço do peso do veículo, é localizada na parte mais baixa para manter o centro de gravidade do carro o mais baixo possível.

Essa disposição contribui para tornar os capotamentos de veículos elétricos uma ocorrência rara.


Como é a manutenção?

O carro elétrico contém uma parte móvel interna, não possui partes de fricção encontradas nas paredes dos cilindros de veículos a combustão, que se desgastam uma contra a outra. Na verdade, possui apenas um conjunto de rolamentos lubrificados.

No entanto, ainda são necessárias manutenções, como nos componentes de suspensão, no filtro da cabine e em um único fluido que geralmente requer substituição nos carros elétricos, que é o fluido de freio.

Faz barulho?

Em relação ao ruído, os carros elétricos são notavelmente mais silenciosos do que os veículos a combustão, devido à ausência de um motor de combustão interna. No entanto, isso não significa que sejam totalmente silenciosos.

Embora o motor elétrico seja consideravelmente mais silencioso em comparação com o motor a combustão, ainda é possível ouvir um leve zumbido ou ruído de funcionamento, especialmente em velocidades mais baixas. Isso ocorre devido ao movimento das engrenagens e outros componentes do sistema elétrico do veículo.

Apesar disso, o nível de ruído geralmente é muito mais baixo do que o dos veículos tradicionais a combustão.

Além disso, os fabricantes de carros elétricos muitas vezes incluem sistemas de aviso sonoro, especialmente em baixas velocidades, para alertar pedestres e ciclistas sobre a presença do veículo, uma vez que, devido à sua natureza silenciosa, os carros elétricos podem representar um risco potencial em áreas urbanas movimentadas.

Esses sistemas de alerta sonoro emitem sons distintos para garantir a segurança dos pedestres, contribuindo para mitigar o impacto do ruído reduzido associado aos veículos elétricos.

Quanto custa um elétrico novo?

No mercado brasileiro, os modelos de carros elétricos mais acessíveis têm preços que variam entre R$ 135 mil, como o Jac ESJ1, e R$ 150 mil, como o BYD Dolphin.

Por outro lado, os modelos mais luxuosos podem alcançar preços significativamente mais altos. Um exemplo é o Mercedes-Benz EQS 53 AMG, lançado em dezembro de 2022, que custa cerca de R$ 1,35 milhão.

Carro elétrico paga IPVA?

Em diferentes regiões do Brasil, os veículos elétricos e híbridos desfrutam de redução de alíquota ou até mesmo isenção total do IPVA 2024 em nove estados e no Distrito Federal.

Esses incentivos são uma resposta ao maior custo inicial dos carros elétricos em comparação com os veículos a combustão, buscando promover sua adoção e contribuir para a redução da poluição veicular.

Os governos estaduais têm implementado essas medidas como parte de uma estratégia mais ampla para impulsionar as vendas de veículos menos poluentes, auxiliando no processo de descarbonização da frota e no cumprimento das metas ambientais para a redução das emissões de CO2.

A seguir, confira os estados que já oferecem desconto ou isenção para o IPVA 2024.

Alagoas (AL)

Os carros elétricos e híbridos são isentos do IPVA no primeiro ano. A partir do segundo ano, os veículos elétricos pagam 0,50% e os híbridos pagam 0,75%. Para os veículos movidos a gás natural, a alíquota é sempre de 1,50%.

Distrito Federal (DF)

A isenção do IPVA é automática após o registro do veículo no DETRAN-DF, aplicando-se tanto a carros elétricos quanto híbridos.

Maranhão (MA)

Apenas os carros totalmente elétricos estão isentos do IPVA, desde que adquiridos em concessionárias estabelecidas no estado. Os híbridos têm alíquota de 2,5%. No Mato Grosso do Sul (MS), a isenção do IPVA não altera a alíquota, mas reduz a base de cálculo do imposto em 70%.

Minas Gerais (MG)

A isenção do IPVA para carros elétricos e híbridos aplica-se apenas aos modelos produzidos no estado. No Paraná (PR), a isenção do IPVA para carros totalmente elétricos foi prorrogada até 31 de dezembro de 2023, sem informações sobre a manutenção do benefício para 2024.

Pernambuco (PE)

A isenção do IPVA para carros elétricos está condicionada ao cadastro do veículo no Detran local, com vigência a partir de 2024.

Rio de Janeiro (RJ)

Desde 2016, carros elétricos pagam alíquota de 0,5% e modelos híbridos pagam 1,5% de IPVA, automaticamente aplicados após o registro no Detran (RJ).

Rio Grande do Sul (RS)

Carros elétricos são isentos do IPVA desde 1996, enquanto os híbridos pagam a alíquota padrão de 3%.

São Paulo

Não oferece desconto no IPVA para carros elétricos e híbridos pelo governo estadual, mas a cidade de São Paulo oferece isenção de 50% da cota do IPVA como restituição para o contribuinte, tanto para carros elétricos quanto híbridos.

5/5 - (1 voto)

Deixe um comentário